Desvendando o Futuro da Indústria Cerâmica: A jornada BIM
O BIM (Building Information Modeling) é um processo colaborativo que envolve a criação e o uso de modelos digitais para planear, projetar, construir e gerir edifícios e infraestruturas. O BIM promove a integração de dados e informações ao longo do ciclo de vida da construção, envolvendo os diversos atores da indústria. Embora muitas indústrias do setor já estejam gradualmente a adotar o BIM, a indústria cerâmica enfrenta desafios específicos na incorporação desta tecnologia.
Os Desafios
Um dos desafios é de natureza técnica. Os elementos 3D exigem cada vez modelos detalhados para representar com precisão características como texturas e padrões. Por outro lado, existem outros desafios que são transversais à adoção do BIM. Falamos claro da ausência de processos e protocolos normalizados e interoperabilidade. A criação, atualização e partilha de dados precisos é essencial para otimizar a produção e garantir a conformidade com a regulamentação em vigor.
Diferentes aplicações, formatos, nomenclaturas, terminologias geram naturalmente confusão e ineficiência nos processos. A falta de interoperabilidade entre softwares e ferramentas também não ajudam. Problemas com interoperabilidade dão origem a erros durante o processo de construção que representam um desperdício financeiro, de tempo e de recursos. Diversos esforços já foram realizados por todo o mundo, incluindo Portugal, e outros tantos estão em curso, no sentido de dar resposta a estes obstáculos e outros como a resistência à mudança, segurança e rastreabilidade dos dados e da informação, custos de implementação, complexidade dos softwares e formação.
Custo vs Retorno
Sabemos que a adoção do BIM envolve custos significativos relacionados com a formação, software e atualização de infraestrutura. As PME, enfrentam desafios financeiros consideráveis ao abordar estes investimentos. Avaliar, comunicar claramente e entender o retorno do investimento a longo prazo é crucial para superar essa barreira.
A natureza digital do BIM reduz a necessidade de protótipos físicos e pode levar a uma redução dos resíduos de materiais. Terá também impacto em outras áreas, nomeadamente na eficiência dos processos, qualidade e sustentabilidade dos produtos. Esta última representa já um incontornável fator de competitividade, cada vez mais importante, no contexto das diretrizes provenientes da Diretiva Europeia ESG (Environmental, Social and Governance), sobre o relato de sustentabilidade e do Passaporte Digital do Produto, tudo relacionado com os compromissos do Pacto Ecológico Europeu.
Por outro lado, as metas já decretadas pelo Governo de Portugal para a obrigatoriedade do BIM em 2025, vão alterar completamente o quadro nacional. A partir desse momento, todos os atores da cadeia de valor da construção terão de se alinhar com esta tendência, pois para além de se tratar de uma questão de competitividade e inovação, será também uma obrigatoriedade.
O papel da BIMCer e da Agenda ECP
Neste contexto desafiante, surge a plataforma BIMCer, promovida pela Agenda ECP- Ecocerâmica e Cristalaria de Portugal, cofinanciada pelo PRR e liderada pela Vista Alegre Atlantis. No âmbito do BIM, a ambição é promover a eficiência produtiva e a melhoria de processos e da cadeia de valor da indústria cerâmica através de uma Biblioteca Pública e Aberta de Modelos Digitais de Produtos Cerâmicos, com base em tecnologias BIM e com especial destaque na pegada de carbono dos produtos. A BIMCer representa mais um canal através do qual os fabricantes poderão difundir os seus produtos, com destaque para as suas características de sustentabilidade, atenuando assim os custos inerentes à adoção do BIM. Potenciará também o trabalho na uniformização de um conjunto de regras para a construção de modelos digitais recorrendo à tecnologia BIM, apoiando assim um contexto evolutivo no que se refere à ausência de processos e protocolos normalizados e interoperabilidade.
Conclusão
A indústria cerâmica está numa jornada para se reinventar. Apesar dos desafios, a adoção do BIM não será apenas uma evolução, mas também uma revolução: oferece oportunidades significativas para a inovação, melhorar a eficiência, qualidade e a sustentabilidade dos produtos. A superação dos desafios requer um compromisso conjunto da indústria, reguladores e fornecedores de tecnologia, bem como dos profissionais da indústria da construção. A Agenda ECP promove também as sinergias para esta revolução. Em conjunto, vamos transformar desafios em oportunidades extraordinárias para as empresas.
A Transformação Digital da Indústria Cerâmica: O Poder Transformador da Plataforma DIGICer
A indústria cerâmica portuguesa enfrenta atualmente grandes desafios relacionados com o advento regulatório em torno da sustentabilidade aliado ao imperativo da transformação digital. É neste contexto de elevada pressão, que as empresas têm simultaneamente de se manter competitivas num mercado cada vez mais globalizado e altamente concorrencial. É assim incontestável que a indústria cerâmica tem de conseguir tirar o máximo partido de todas as oportunidades e soluções inovadoras que apoiem a eficiência dos processos e a qualidade e sustentabilidade dos seus produtos.
Inovação e Eficiência na gestão de ativos
A Agenda ECP- Ecocerâmica e Cristalaria de Portugal, cofinanciada pelo PRR e liderada pela Vista Alegre Atlantis, pretende apoiar a indústria orientando os seus resultados para os seus fatores críticos de competitividade e visando uma melhoria do posicionamento internacional do setor. Como um dos resultados da Agenda ECP, a Plataforma DIGICer – Armazém Digital de Madres e Moldes de Produtos Cerâmicos, representa uma solução inovadora para apoiar a digitalização e virtualização do processo de conceção de madres e moldes, bem como a gestão deste tipo de ativos, enquanto facilita a introdução de tecnologias de digitalização e impressão 3D no processo, tornando-o também mais sustentável.
A DIGICer, ao estar focada na virtualização do processo de armazenamento de madres e moldes de produtos cerâmicos, abre caminho para uma revolução na gestão deste tipo de ativos que tradicionalmente recorre a metodologias ainda muito manuais. Acreditamos neste impacto pois a transição dos métodos tradicionais de armazenamento físico e gestão de ativos para um armazém digital, não só minimiza a necessidade de grandes espaços físicos, mas também reduz significativamente os erros e as ineficiências operacionais. Mas a DIGICer terá ainda mais para oferecer…
Interface Colaborativa e Interoperabilidade
Reconhecemos que a abordagem da virtualização dos ativos é suficientemente inovadora e atrativa para a indústria, mas, adicionalmente, a DIGICer fornecerá um ambiente colaborativo que facilita a integração e interoperabilidade entre as diferentes equipas intervenientes nas fases do processo produtivo, através da virtualização dos fluxos de trabalho e a concentração da documentação gerada ao logo das várias fases. Esta abordagem colaborativa terá impacto na eficiência e flexibilidade no processo de criação e modificação de modelos digitais, acelerando os tempos de produção e reduzindo custos associados. A interface da DIGICer promoverá também a uniformização de diversos formatos de arquivos para padrões BIM (Building Information Modeling), e consequentemente uma transição mais fluida de dados entre os diferentes softwares utilizados na conceção e produção de produtos cerâmicos.
Análise e Otimização de Processos
Por outro lado, a capacidade de digitalização e a criação de um armazém digital de madres e moldes oferecem uma oportunidade sem precedentes para a análise de dados e otimização de processos. A Plataforma permitirá a catalogação automática e detalhada dos ativos, fornecendo relatórios de utilização e históricos que ajudam a identificar padrões e oportunidades de melhoria. Esta análise de dados integrada facilita a implementação de práticas mais eficientes e sustentáveis.
Sustentabilidade e Competitividade
A digitalização dos ativos não otimiza apenas a gestão e o armazenamento, mas também contribui significativamente para a sustentabilidade do processo produtivo. A criação de armazéns digitais permite ciclos de utilização mais alargados, minimizando o desperdício de materiais e matérias-primas, bem como a necessidade de novos recursos. Além disso, a impressão 3D, cuja utilização é facilitada pela DIGICer, permite todo um leque de possibilidades, desde a personalização em massa à produção mediante a procura, eliminando a necessidade de grandes stocks físicos e reduzindo o desperdício. Com estas possibilidades disponíveis, as empresas podem oferecer uma gama mais ampla de opções de design, atender de forma diferenciada às preferências dos Clientes, podendo assim criar vantagem competitiva no mercado global.
Conclusão
A implementação da plataforma DIGICer por parte da indústria cerâmica, pode representar um marco na transformação digital. É um exemplo marcante de como a virtualização de processos poderá transformar a indústria. Através da digitalização de ativos, interoperabilidade de sistemas e ambiente colaborativo, a DIGICer não só otimiza a produção, mas também tem potencial para dar ao setor maior resiliência para enfrentar os desafios futuros. A DIGICer não será apenas uma ferramenta tecnológica, será também um catalisador para a modernização e evolução contínua da indústria cerâmica.
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